Com apenas 31 anos, o nome do catarinense Bruno Faucz vem aparecendo com muita frequência em publicações de arquitetura e design, sendo um dos designers mais perseguidos atualmente. “A ficha não caiu ainda, é até esquisito, nada disso foi planejado”, diz ele, em entrevista exclusiva para a Like durante passagem pelo Estado. E não é para menos, já no primeiro ano de escritório, Bruno foi chamado para expor peças em Paris, que depois seguiram para Milão e Nova York. Hoje, 5 anos depois, já são mais de 200 criações, 80 delas assinadas e muitas parcerias com marcas nacionais.
Nascido e criado em São Bento do Sul (polo moveleiro de Santa Catarina), a lembrança mais remota está diretamente ligada à infância e à vontade incontrolável de desenhar, sempre apoiado pelo pai. O designer cresceu um apaixonado pelo universo criativo e não teve dúvida de que este seria o caminho a seguir como profissão e, em conversa com ele, fez questão de contar e relembrar como tudo começou e como o caminho percorrido segue em ascensão. Bruno experimenta agora o papel de pai e se derrete ao falar do filho de 1 ano e de como ele tem se adaptado para curtir o melhor desta fase. “Como trabalho sozinho, tenho o privilégio de ter meu escritório em casa, fico full time com meu filho e esposa, isso não tem preço.”
O que o design significa para você?
Bruno Faucz - O design foi uma escolha de vida, é o que sustenta a minha família. Uma paixão, sou absolutamente realizado na profissão que escolhi. Nunca pensei em grana, sempre pensei em seguir fazendo uma coisa que gosto.
Você tem algum ritual? Como é o teu processo criativo?
Faucz - Eu sempre digo que o processo criativo é um caos controlado. Ele não é linear. Eu sou muito observador e curioso, então observar tudo que está em minha volta faz parte do meu dia a dia. Qualquer coisa na rua, qualquer objeto, isso me traz muito insight para a criação. E o meu momento criativo deve ser em silêncio – normalmente de madrugada das 22 horas às 4 horas da manhã. Eu tenho um filho pequeno e neste tempo, desde o nascimento dele, eu vinha me adaptando à nova rotina de desenhar/criar durante o dia, o que não rolou! Não consegui porque a minha capacidade de concentração de 0 a 100 fica em torno de 0 a 10. Eu sempre fui de me distrair muito fácil! (risos)
Tem preferência por algum material, matéria-prima?
Faucz - O que eu gosto mesmo é de misturar materiais, me incomoda ter que ficar preso a um só material. Gosto de tudo junto – couro, metal e madeira. Tem uma mesa de centro em que misturei mármore, metal e madeira, uma estante que é metal e madeira... Acho que isso enriquece a peça.
E algum em especial, que ainda gostaria de trabalhar?
Faucz - Gostaria de trabalhar mais com mármore e pedra. Trabalho pouco com este material, quando eu trabalhei com mármore foi em superfícies lisas, eu queria trabalhar com algo um pouco mais elaborado.
O que ainda falta na tua carreira?
Faucz - Quando eu abri o escritório não tinha a pretensão de ser conhecido. Eu queria sim poder viver do meu trabalho. Eu me lembro de falar para um amigo – “cara, a gente precisa construir a nossa própria casinha, não ajudar a construir a do vizinho, faz pra você!” Eu queria fazer pra mim, desenhar para as fábricas, mas o que eu acreditava. E de repente a coisa foi acontecendo muito rápido. Eu gostaria de desenhar para alguma fábrica grande italiana, como a Cappellini, que o Zanini de Zanine já desenhou. É um sonho.
Redes sociais, quem você segue quando o assunto é design e arquitetura?
Faucz - Sou adepto às redes sociais. Sigo todos os designers brasileiros, a galera é bem amiga. Adoro o trabalho do Zanine (@zaninidezanine), do Guilherme Wentz (@guilhermewentz), do Ronald Sasson (@ronald_sasson_), do Paulo Alves (@pauloalvesdesign), do Sergio Matos (@sergiojmatos). Dos arquitetos eu destaco os escritórios catarinenses, como Juliana Pippi (@julianapippi) e os Juniors (@studio_casadesign).
E sobre o futuro, o que vem por aí?
Faucz - Eu tenho um lançamento que vai acontecer durante a DW! (São Paulo Design Weekend), com a Lider. Fui convidado, junto com um grupo de designers, para homenagear nomes antigos do design brasileiro. Eu peguei o Bernardo Figueiredo e desenhei uma cadeira e um sofá. Eu não paro e não quero parar nunca, gosto de desenhar à mão, por isso estou sempre com o meu caderninho – nos aeroportos, hotéis –, sempre rabiscando.